A importância da partilha da informação clínica: o relato de caso de uma reação adversa

Journal Title: Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar - Year 2018, Vol 34, Issue 4

Abstract

Introdução: Ainda que pouco consensual, a terapêutica antiemética é amplamente utilizada na prática clínica com o objetivo de minimizar a desidratação e diminuir a necessidade de fluidoterapia endovenosa. A escolha do antiemético é de extrema importância, dada a incidência de reações adversas que pode alcançar os 25% em idade pediátrica. Descrição do caso: Adolescente do sexo masculino, com 12 anos de idade, recorreu ao serviço de urgência de um hospital privado por surgimento no próprio dia de cefaleias, um pico febril e um episódio de vómito. Foram administrados paracetamol e metoclopramida endovenosos com melhoria das queixas. Contudo, algum tempo depois, reiniciou um quadro de cefaleias frontais intensas e agitação psicomotora, que motivou a transferência para o serviço de urgência do Serviço Nacional de Saúde. À admissão apresentava-se muito ansioso, queixoso, agitado e desconfortável. No início da observação iniciou um conjunto de movimentos anómalos que dificultavam a comunicação e a realização do exame objetivo, mas sem nunca perder a consciência. Suspeitou-se de uma reação extrapiramidal à administração de metoclopramida endovenosa, tendo sido administrado biperideno endovenoso, com reversão total do quadro clínico. Comentário: Apesar de pouco frequentes, as reações distónicas agudas podem surgir com a dose terapêutica de metoclopramida. Os médicos de medicina geral e familiar contactam com utentes de todas as idades e, como tal, relembra-se a importância de ter sempre presente os possíveis efeitos adversos da medicação, assim como do registo e transmissão da informação relativa às atitudes terapêuticas realizadas, que neste caso foram essenciais. Em idade pediátrica, como alternativa à metoclopramida, a administração de fármacos com segurança bem estabelecida, como o ondansetron e a domperidona, é aconselhada.

Authors and Affiliations

Alexandra Cadete, Lara Sutil, Carine Silva, Joana Simões

Keywords

Related Articles

Esclerose Múltipla, o afastar da lupa – relato de caso

Introdução: A esclerose múltipla (EM) é uma doença desmielinizante, inflamatória e degenerativa do sistema nervoso central. Pode ter uma apresentação clínica variável, o que torna o seu diagnóstico desafiante. Este caso...

Terapêutica crónica em idosos numa Unidade de Saúde Familiar: análise da polimedicação e medicação potencialmente inapropriada

Introdução: A melhoria dos cuidados de saúde e das condições socioeconómicas contribuíram para o aumento da longevidade da população, associando-se-lhe uma maior prevalência das doenças crónicas. A polimedicação, muitas...

Abordagem familiar: quando, como e porquê? Um caso prático

Introdução: A abordagem familiar é uma importante componente da avaliação médica, em especial na medicina geral e familiar. Este caso pretende reforçar a sua importância e promover a sua utilização quando pertinente. Des...

A felicidade e o engagement no trabalho nos cuidados de saúde primários

Objetivos: Testar a associação entre o bem-estar psicológico (BEP) e o engagement no trabalho dos profissionais de saúde. Tipo de estudo: Estudo transversal analítico. Local: Agrupamentos de Centros de Saúde de Matosinho...

Prevenção em oncologia: mais rastreios ou melhor intervenção

Prevenção em oncologia: mais rastreios ou melhor intervenção

Download PDF file
  • EP ID EP447022
  • DOI 10.32385/rpmgf.v34i4.12485
  • Views 84
  • Downloads 0

How To Cite

Alexandra Cadete, Lara Sutil, Carine Silva, Joana Simões (2018). A importância da partilha da informação clínica: o relato de caso de uma reação adversa. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, 34(4), 247-249. https://europub.co.uk/articles/-A-447022