DESATANDO OS NÓS DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL

Journal Title: Revista Espaço do Currículo - Year 2012, Vol 5, Issue 1

Abstract

Os debates sobre a educação infantil ampliaram‐se de forma significativa nas últimas décadas. Esta foi foco de profundas reflexões no campo da legislação, da investigação pedagógica e das políticas públicas governamentais. Estudiosos brasileiros como Kramer (2003); Arelaro, (2005); Souza, (2010), Leite Filho ( 2001) entre outros têm contribuído no sentido de mostrar‐nos que as transformações no campo da educação para infância não têm sido um processo harmonioso, mas, marcado por tensões, avanços e conflitos no que concerne às políticas públicas nessa área. No Brasil, como na Europa, a educação infantil emerge em decorrência das inúmeras transformações econômicas, políticas e sociais, ocorridas no país, principalmente a partir do século XX. É com a urbanização e a crescente participação da mulher no mercado de trabalho que vamos delineando uma nova sociedade, que necessita de educação para seus futuros cidadãos. “A infância passa ser visível quando o trabalho feminino deixa de ser domiciliar e as famílias ao se deslocarem e dispersarem, não conseguem mais administrar o desenvolvimento dos filhos pequenos” (LEITE, 2001, p.20). Neste contexto, muda‐se a organização familiar e, desse modo, “[...] não existe mais, como se dispunha, durante anos, da figura de uma irmã que não se casava para cuidar dos seus filhos [...]” (ARELARO, 2005, p. 42). A sociedade emergente apresenta um novo modelo de família, de mãe, mulher e filho. A criança passa a necessitar de um espaço além do doméstico para ser educada e cuidada, “[...] Daí as creches e as pré‐escolas, daí a educação infantil” (ROSEMBERG, 2010). A demanda decorrente desse novo cenário, por outro lado, agrava a situação de abandono da criança, as mães operárias buscam alternativas para resolver o problema, e passam a deixar seus filhos com mulheres do povo, as “mães crecheiras”, que cuidavam das crianças enquanto suas ‘amigas’ trabalhavam fora. De certa forma, resolvia o problema de imediato das comunidades carentes, no entanto, era alarmante o índice de mortalidade infantil que se verificava em vista as condições inadequadas a que eram submetidas as crianças, ficando essas mulheres conhecidas como “fazedoras de anjos” (CIRILO, 2008).

Authors and Affiliations

Adriana Francisca de Medeiros, Eulina Maria Leite Nogueira, Francisca Chagas da Silva Barroso

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How To Cite

Adriana Francisca de Medeiros, Eulina Maria Leite Nogueira, Francisca Chagas da Silva Barroso (2012). DESATANDO OS NÓS DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL. Revista Espaço do Currículo, 5(1), -. https://europub.co.uk/articles/-A-33900