O LUGAR DA DIFERENÇA: ANALISANDO POLÍTICAS CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
Journal Title: Revista Espaço do Currículo - Year 2012, Vol 5, Issue 1
Abstract
Entendendo a diferença algo próprio de cada cultura, que produz sentidos, forma identidades e ainda sim é algo que causa muito desconforto ao sistema padronizado e homogêneo que nos encontramos, considerando a educação infantil um momento extremamente importante no desenvolvimento do sujeito, venho neste artigo analisar de que maneira a diferença é discutida no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil publicado em 1998 pelo Governo Federal e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Para tanto, trago o meu entendimento acerca do currículo, políticas curriculares e diferença para então analisar como de fato os documentos encaram tal questão. Compreendo currículo enquanto espaço‐tempo de fronteira (Bhabha, 1998) onde diferentes perspectivas e discursos se hibridizam num entre‐lugar de cultura. Defendo o currículo como produção cultural, espaço de enunciação que está para além de molde ou seleção de saberes e conhecimentos que a escola precisa transmitir, ele consiste nos pilares da escola, na postura que a escola se propõe a assumir. Assim, espero do currículo não uma seleção de saberes da cultura dominante ‐ discursos homogêneos ‐ mas sim um espaço‐tempo onde se relacionam as culturas dos alunos, professores, escola e a cultura de “fora”. Desta maneira acredito que não se pode pensar no currículo somente como uma simples e única projeção de identidades produzidas numa prática cultural, mas sim como uma vivência que precisa levar em consideração todos os atores sociais envolvidos. Opero com a concepção de currículo enquanto enunciação cultural (MACEDO, 2007) que produz e reproduz sentidos continuamente. Neste sentido acredito que, ainda que se busque algo novo, pois toda a produção cultural busca a produção de algo que ainda não tenha sido dita, simultaneamente este currículo com o qual trabalho traz ainda rastros e marcas que são partilhadas no momento da criação de novos sentidos. Trata‐se, portanto de um currículo interpretado de forma ambivalente e contingente. Esta visão acerca do currículo que aqui apresento me possibilita concordar com Macedo (2010) ao definir a política curricular como o movimento de articulação hegemônica na direção da fixação de sentidos, sentidos estes que são construídos e desconstruídos continuamente Esta construção contínua de sentidos no e do currículo não permite, a meu ver, um fechamento completo e engessado do mesmo, mas sim um fechamento sempre provisório, contingente que possibilita aberturas e fechamentos dos mais variados, que vão de acordo com a demanda que nele e com ele atua.
Authors and Affiliations
Bonnie Axer
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