Rastreio do cancro do colo do útero em mulheres homossexuais - que evidência?

Journal Title: Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar - Year 2018, Vol 34, Issue 6

Abstract

Objetivo: Rever a evidência sobre a relevância de rastrear para o cancro do colo do útero (CCU) mulheres saudáveis com comportamento homossexual, tendo em conta o risco da neoplasia nesta população. Fontes de dados: bases de dados MEDLINE, National Guideline Clearinghouse, National Institute for Health and Care Excellence, Canadian Medical Association Practice Guidelines Infobase, Cochrane Library, Bandolier, DARE e Trip Database. Métodos de Revisão: Revisão baseada na evidência de artigos publicados nos últimos cinco anos (de 1 de outubro de 2011 a 30 de setembro de 2016), nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa. Foram utilizadas combinações dos termos MESH “female homosexuality”, “mass screening”, diagnosis, “uterine cervical neoplasms” e papillomaviridae, e o termo “cervical cancer”. Para avaliação do Nível de Evidência (NE) e Força de Recomendação (FR) foi utilizada a escala Strength of Recommendation Taxonomy (SORT) da American Family Physician. Resultados: Foram obtidos 88 artigos, dos quais seis cumpriam os critérios de inclusão: cinco normas de orientação clínica (uma com FR A, duas com FR B e duas com FR C), e um estudo coorte prospetivo (NE 3). As normas internacionais apresentam algumas limitações e inconsistências relativamente à indicação do rastreio nas mulheres homossexuais, recomendando a maioria a sua inclusão. O estudo coorte encontrou alterações em citologias e testes de HPV de mulheres com comportamento homossexual, colocando-as em risco de desenvolver CCU. Conclusões: Mulheres com comportamento homossexual podem estar em risco de infeção pelo HPV e de desenvolvimento de CCU, devendo assim ser incluídas no rastreio populacional com a mesma periodicidade das restantes mulheres (FR B). São no entanto necessários mais estudos que reforcem esta evidência. Dada a menor sensibilização deste grupo quanto ao benefício do rastreio, sugere-se a implementação de medidas educativas dirigidas visando aumentar a adesão. Sugere-se ainda revisão das normas nacionais, clarificando a indicação do rastreio nesta população.

Authors and Affiliations

Alice Jeri, Ana Bessa Monteiro

Keywords

Related Articles

Tiroidite subaguda, uma causa incomum de odinofagia – Relato de Caso

Introdução: A tiroidite subaguda, ou tiroidite de De Quervain, é uma patologia incomum, sendo uma das possíveis apresentações clínicas, a dor cervical anterior com irradiação à orofaringe, condicionando odinofagia, que é...

Abordagem familiar: quando, como e porquê? Um caso prático

Introdução: A abordagem familiar é uma importante componente da avaliação médica, em especial na medicina geral e familiar. Este caso pretende reforçar a sua importância e promover a sua utilização quando pertinente. Des...

Utilização do dispositivo COPD-6® e questionário IPAG na deteção precoce da DPOC

Introdução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma causa importante de morbilidade e mortalidade e habitualmente não é diagnosticada até estadios avançados. Alguns autores advogam a utilização de ferramentas d...

A importância da visão do todo na compreensão da parte: relato de caso

Introdução Em medicina geral e familiar o utente deve ser encarado como uma parte de um todo a que pertence – a família, sendo os instrumentos de avaliação familiar ferramentas essenciais para o médico de família (MF)....

Os sistemas de informação na prática do médico de família: onde está a interoperabilidade?

Os sistemas de informação clínica são, neste momento, essenciais nas unidades de saúde, permitindo a partilha de informação, com melhoria da eficiência e qualidade dos cuidados de saúde. Este trabalho pretende analisar o...

Download PDF file
  • EP ID EP447138
  • DOI 10.32385/rpmgf.v34i6.12036
  • Views 78
  • Downloads 0

How To Cite

Alice Jeri, Ana Bessa Monteiro (2018). Rastreio do cancro do colo do útero em mulheres homossexuais - que evidência?. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, 34(6), 377-383. https://europub.co.uk/articles/-A-447138