CURRÍCULO, CULTURA E GÊNERO EM UMA ESCOLA ALAGOANA
Journal Title: Revista Espaço do Currículo - Year 2012, Vol 5, Issue 1
Abstract
Este artigo pretende apresentar algumas reflexões de pesquisa, a partir da perspectiva pós‐estruturalista, sobre currículo, cultura e gênero na escola de uma comunidade alagoana onde as atividades da pesca e da confecção da renda filé demarcam as relações de gênero. A comunidade está localizada no litoral sul de Maceió, entre a Lagoa Mundaú e o Oceano Atlântico. Seu núcleo urbano foi tombado pelo decreto n° 33.225 de 14 de novembro de 1988 devido a ameaça de depreciação e descaracterização da sua riqueza cultural e ambiental, sendo desde então Patrimônio Cultural do Estado de Alagoas. Nesta comunidade, a pesca foi durante muito tempo a principal fonte de renda. Com as mudanças na atividade pesqueira ocasionadas principalmente pela degradação ambiental e pela ausência de intervenções das instituições públicas e com o aumento da atividade turística na região, a confecção e a comercialização do filé passou a ser a principal atividade no bairro. Sant’Ana (1989) aponta, a partir dos depoimentos dos/as moradores/as antigos/as, que o filé aparece como decorrência da atividade pesqueira, uma vez que, em sua confecção é imprescindível o uso de uma rede semelhante a usada na pesca. De acordo com Dantas (2002), o filé é uma renda de origem desconhecida, entretanto, seu processo de confecção não deixa dúvida de que surgiu a partir da rede de pescar. Apesar disso, as atividades de confecção do filé e da pesca tornaram‐se distantes e caracterizam a divisão sexual do trabalho no bairro, onde homens estão ligados à pesca e mulheres à produção da renda. A primeira parte da técnica para a confecção do filé é a preparação da rede, também chamada de malha ou grade que é esticada no tear, este processo é extremamente semelhante à confecção da tarrafa, rede circular com pequenos chumbos de pesca em suas extremidades utilizada largamente na atividade pesqueira. A segunda parte é o preenchimento da rede com os pontos nas cores e nas formas desejadas. Vários pontos são conhecidos e utilizados, como o bom‐gosto, jasmim, matame, olho‐de‐pombo, três‐marias e besouro. Depois desse processo, passa‐se ferro pelo avesso nas peças (toalhas de mesa, blusas, vestidos, saias, dentre outras), que ficam prontas para serem utilizadas ou comercializadas.
Authors and Affiliations
Julia Mayra Duarte Alves, Juliana Carla da Paz Alves, Laura Cristina Vieira Pizzi
CURRÍCULO E FORMAÇÃO DOCENTE MULTICULTURAL EM TEMPOS (PÓS)-PANDÊMICOS
O presente artigo baseia-se em estudos anteriormente realizados (IVENICKI, 2021 a, b, c), bem como em palestra recente no X Colóquio Internacional de Políticas Curriculares/VI Seminário Nacional do Grupo de Pesquisa Curr...
O DEBATE SOBRE O CURRÍCULO DE CIÊNCIAS SOCIAIS: da Lei 11.684/2008 à BNCC/2018
O debate sobre o ensino de Ciências Sociais na Educação Básica tem sido incrementado nos últimos anos, principalmente a partir da reintrodução da Sociologia no Ensino Médio como disciplina obrigatória em 20...
THE DISCURSIVE CONTEXT OF CURRICULAR POLICIES: ethnic-racial relations
This study focuses on the discursive context on the curricular policies that deal with education for ethnic-racial relations in Brazil that disputed space for hegemony, mainly, from the influences of neoli...
“É BOM APRENDER”: DISCUSSÕES SOBRE GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL NOS LIVROS DIDÁTICOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Este trabalho de conclusão do Curso de Pedagogia objetivou analisar como se configura a abordagem das temáticas de gênero, sexualidade e orientação sexual nos três livros didáticos da coleção “É Bom Aprender” destinado...
CONTOS DE FADAS CONTEMPORÂNEOS E ROTEIROS PERFORMÁTICOS DE GÊNERO: possibilidades de re-existência à ofensiva antigênero
Este artigo analisa dois contos de fadas contemporâneos com o objetivo de problematizar as prescrições de feminilidades presentes nos contos de fadas clássicos e nos discursos reacionários que circulam na atualidade. Arg...