QUAL FORMAÇÃO DE PROFESSORES? PARA QUAL SOCIEDADE? O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID) E SUAS POTENCIALIDADES NO DEBATE SOBRE CONHECIMENTO E FORMAÇÃO

Journal Title: Revista Espaço do Currículo - Year 2012, Vol 5, Issue 1

Abstract

A interculturalidade pode significar, enquanto processo e projeto, o contato e o intercâmbio entre culturas, em termos equitativos e em condições de igualdade e, por isto mesmo, trata‐se, ainda, um projeto que busca construir um conviver de respeito e legitimidade entre todos os grupos da sociedade (WALSH, 2009, p. 41). Entendemos que legitimar conhecimentos outros, na escola de ensino fundamental é ainda um grande desafio. Com frequência, desde fóruns de especialistas em educação até conversas com pais de estudantes das escolas de ensino fundamental, é comum ouvir‐se a ideia de que o importante é aprender a ler, escrever e calcular, porque o resto poderia ser aprendido por meio destas três habilidades. Se nos propusermos a pensar criticamente esta visão da função da escola, podemos nos colocar questões que decorrem deste entendimento: aprender que o racismo é uma construção histórica decorrente de interesses econômicos é menos importante? Aprender a pensar sobre a relação sociedade e tecnologia em contextos diversos como a 2ª Guerra Mundial é menos importante? Compreender processos sociais e culturais que estão na base na produção de nossas condições de vida e de nossa relação com o ambiente é menos importante? Exercitar a criação coletiva de regras, o debate de princípios, o respeito a diferentes perspectivas religiosas é menos importante? Ou ainda, apenas a capacidade de ler, escrever e calcular possibilitaria desenvolvermos nosso entendimento intelectual sobre estas questões? Existiria um universalismo em ler, escrever e calcular, ou seja, ao aprender estas habilidades aprendemos a aplicá‐la em qualquer situação? Ler um poema é o mesmo que ler uma bula de remédios? Com base neste entendimento, o conceito de interculturalidade pode nos possibilitar a pensar os conhecimentos escolares como suspeitos de servirem a interesses específicos e não dotados de um universalismo que os credenciariam a ser colocados a priori ou acima de qualquer suspeita. Mais do que isto, a interculturalidade toma como foco a relação entre as diferentes culturas (de forma tensa e não necessariamente amorosa e, menos ainda, folclórica) como foco do olhar para o entendimento de como determinados saberes, valores e linguagens vão sendo colocados em um lugar superior a outros na sociedade (em nossa análise, na escola).

Authors and Affiliations

Andréa Rosana Fetzner, Maria Elena Viana Souza

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Andréa Rosana Fetzner, Maria Elena Viana Souza (2012). QUAL FORMAÇÃO DE PROFESSORES? PARA QUAL SOCIEDADE? O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID) E SUAS POTENCIALIDADES NO DEBATE SOBRE CONHECIMENTO E FORMAÇÃO. Revista Espaço do Currículo, 5(1), -. https://europub.co.uk/articles/-A-33903