TUMOR DE WARTHIN: a importância da relação médico-doente
Journal Title: Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar - Year 2019, Vol 35, Issue 1
Abstract
Introdução: A deteção e a investigação de massas cervicais é crucial, já que o diagnóstico diferencial inclui diversas patologias com tratamento e prognóstico diferentes. São múltiplos os fatores que podem condicionar um diagnóstico mais tardio de situações tumorais. A relação de confiança estabelecida ao longo do tempo, baseada numa comunicação médico-doente efetiva, facilita a transmissão e esclarecimento dos sinais e sintomas identificados pelos utentes. Descrição do caso: Utente do sexo feminino, 57 anos, apresentava massa cervical esquerda, com cerca de 2 anos de evolução, crescimento progressivo, atingindo dimensões que provocavam uma estética causadora de grande desconforto físico e emocional. Omitia a existência desta lesão por vergonha, repugnância e falta de confiança para a apresentar. Foi pedida ecografia de urgência que mostrou características sugestivas de processo neoproliferativo, tendo sido encaminhada de imediato para consulta de Cirurgia Maxilo-Facial. Realizou Punção Aspirativa com Agulha Fina que revelou tratar-se de um Tumor de Warthin. Realizou paratiroidectomia total esquerda, sem intercorrências, confirmando-se o prognóstico favorável. Comentários: Muitas vezes, o utente é responsável pela identificação do sintoma ou sinal inicial. A atitude assumida após esta identificação pode ser crucial, sobretudo na suspeita de patologia neoplásica. O caso clínico descrito é pertinente não só pela raridade da patologia, mas sobretudo pela reflexão que deve suscitar relativamente ao papel do Médico de Família e da relação médico-doente na monitorização do estado de saúde dos utentes, permitindo a intervenção atempada para uma adequada resolução dos problemas. No caso descrito, a recente relação de confiança estabelecida permitiu, finalmente, a revelação da alteração física, a qual necessitava de intervenção diagnóstica urgente. O tumor de Warthin é a segunda neoplasia benigna mais frequente das glândulas salivares, correspondendo a 2 a 6% de todos os tumores da glândula parótida. Corresponde a um cistoadenoma papilífero linfomatoso, apresentando bom prognóstico.
Authors and Affiliations
Catarina Fonseca, Patrícia Mora
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