PRÁTICAS CURRICULARES COTIDIANAS: OS FIOS E TRAMAS DA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ETNICORRACIAIS EM ESCOLA DA REDE MUNICIPAL DO RECIFE

Journal Title: Revista Espaço do Currículo - Year 2012, Vol 5, Issue 1

Abstract

Nossa intenção nesse artigo é problematizar algumas questões que foram surgindo em momentos de observações na escola onde realizamos a pesquisa de Doutorado em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O nosso problema de pesquisa foi configurado da seguinte forma: a Rede Municipal do Recife estaria vivenciando a educação das relações etnicorraciais em suas práticas curriculares cotidianas? Não temos a pretensão de oferecer respostas a essa questão de forma totalizante. Apenas procuramos, à luz da literatura, refletir sobre as tessituras desse cotidiano escolar. Para isso, foram analisadas/narradas algumas situações que poderão ser elementos de reflexão para outros/as pesquisadores/as. Tentaremos restituir pela descrição o que foi visto e interpretado, do que foi dito ou silenciado. Com base em Certeau (1994), entendemos o cotidiano como aquilo que nos é dado a cada dia, aquilo que nos pressiona, nos remete a certa rotina, nos oprime e nos fadiga diante da realidade a ser vivida. Os sujeitos que estão na escola deixam suas marcas seja de forma visível ou mais sutil. Essas pessoas atuam e constroem cenários, produzem saberes, tomam certos posicionamentos, enfim, elaboram novas problemáticas. Podemos definir suas ações como currículo praticado, vivido, em rede ou realizado. Na escola, vivem‐se, ressignificam lugares, objetos, situações e contextos. É preciso entender também que a escola tem um ritmo próprio que não muda com rapidez e facilidade. Ela convive ao mesmo tempo com o que há de novo e com o que há de mais tradicional. Para além da aparente adesão dos valores oficiais, as práticas cotidianas guardam rituais heterodoxos que exprimem modo de ser, pensar e viver de tamanha complexidade. Sendo assim, o currículo praticado integra a cultura organizacional da escola que difere de certa forma do currículo pensado, idealizado, produzido em outros contextos. Mesmo que ele seja construído por representantes dos/as professores/as e discutido com toda categoria, ele será sempre recontextualizado dentro da dinâmica cotidiana, das estruturas, das situações híbridas, das decisões tomadas no calor das situações e pressões. O que pode acontecer são aproximações ou afastamentos do que foi prescrito, jamais poderá ser confundido com o que foi imaginado (produzido) num dado momento histórico.

Authors and Affiliations

Roseane Maria de Amorim, José Batista Neto

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How To Cite

Roseane Maria de Amorim, José Batista Neto (2012). PRÁTICAS CURRICULARES COTIDIANAS: OS FIOS E TRAMAS DA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ETNICORRACIAIS EM ESCOLA DA REDE MUNICIPAL DO RECIFE. Revista Espaço do Currículo, 5(1), -. https://europub.co.uk/articles/-A-33905